1 de fevereiro de 2012

Ganho cor


Irreverentes corpos,
Diabolicamente certos,
Retornam em tons cinzentos
Aos lugares que são seus.
E tristemente
Coçam o rosto cansado,
Que dia a dia vai-se desgastando.
Múltiplos suspiros
Ecoam no regresso laboral,
Que enchem os ouvidos de
Repetições saturantes.
«Não era como dantes!»
Queixa-se a senhora curvada
Pelo ouro que suporta.
Mas queixar ironicamente ao outro,
Provoca comichão.
Cocei-me...
Cocei-me...
Cocei-me...
E lentamente repelo-me.
Estou cinzento!

Dor suada pelo piano
Que chora e devora
O balcão atafulhado de cinzento.
Mas que lamento...
Triste e metódico
Comprazo a barba
E cinicamente falando,
Sentado num banco,
Enamoro pessoas que
Entram e ficam
E ganho cor...